Sangue na Urina |
A presença de sangue na urina, também chamada de hematúria, não é uma doença, porém pode ser sinal de alguma. A hematúria divide-se em macroscópica (visível) (urina vermelha ou avermelhada) e microscópica ( urina com coloração normal, pois a quantidade de sangue é tão pequena que só é vista com auxílio de microscópio).
O sangramento do trato urinário pode ir e vir, mesmo em casos mais sérios, portanto um médico deve ser consultado imediatamente se algum sangue for detectado na urina, mesmo que uma só vez. A hematúria microscópica só vai ser detectada em um exame de urina, porém a constatação de sangue na urina, visível ou microscópica, requer exames complementares para que se descubra a causa.
Às vezes, pessoas com trato urinário normal apresentarão algumas hemácias (células sanguíneas vermelhas) na urina. Caso o número de hemácias seja superior a três, em dois exames independentes, uma hematúria microscópica será constatada e, conseqüentemente, exames complementares far-se-ão necessários.
Causas:
São muitas e distintas as causas de uma hematúria - em cerca de 25% dos pacientes a causa é uma doença que pode ser séria. Listam-se, a seguir, os fatores que mais comumente causam a presença de sangue na urina:
Idade e hematúria:
De recém nascidos até 6 anos de idade | Hematúria visível é algo raro nesta fase da vida. Quando ocorre é provavél que seja por problemas na coagulação sanguínea, infecções no trato urinário, defeitos de nascimento ou problemas renais. |
Jovens de até 20 anos de idade | Hematúria visível é algo raro nesta fase da vida. Quando qualquer forma de hematúria ocorre, a causa mais provável é uma infecção renal causada por bactérias streptocócicas. |
Entre os 20 e 40 anos de idade | Hematúria visível é normalmente resultante de infecções em alguma parte do trato urinário. Tumores de bexiga ou cálculos são possíveis causadores. |
Entre os 40 e 60 anos de idade | Entre as causas sérias, os tumores de bexiga são as mais frequentes, seguidos de cálculos e inflamações. As chances de uma hematúria significar algum problema urinário grave aumenta significativamente depois dos 50 anos. Em homens, problemas de próstata são frequentes causadores de hematúria. |
Depois dos 60 anos de idade | Em homens: lesões ou aumento da
próstata; Em homens e mulheres: tumores de bexiga e infecções urinárias são as causas mais frequentes. |
Caso o sangue na urina seja constatado, o médico fará, além do exame físico, várias perguntas a respeito da saúde do paciente. Talvez seja possível descobrir a causa da hematúria sabendo-se quando e como ela ocorre. Por exemplo, se o sangue aparece somente no início da micção, o problema provavelmente localiza-se na uretra. Caso o sangue esteja presente só nos últimos pingos, é provável que a causa esteja na próstata ou no colo da bexiga. Quando o sangue aparece durante a micção, o problema deve estar na bexiga, no ureter ou em um rim.
Coágulos grandes e densos, sugerem um problema de bexiga, enquanto a ausência de coágulos sugere um problema no rim ou no ureter.
Alguns exames que o médico pode pedir incluem:
O tratamento da hematúria depende do que está causando o sangramento. Uma vez que o sangramento em si não é uma doença, ele só cessará quando o problema que o está causando for tratado.
Sangue no Esperma |
Hematospermia ou presença de sangue no esperma ejaculado, acomete homens das mais variadas faixas etárias. Na grande maioria das vezes esta alteração do ejaculado ocorre sem sintoma algum, isto é, a ejaculação acontece normalmente e o indivíduo ou sua parceira(o) nota a cor anormal do líquido espermático, que pode ser do róseo ao vermelho amarronzado, com coágulos presentes ou não. O fato de ocorrer sem maiores sintomas como dor ou ardor uretral, preocupa profundamente o homem, que fica abalado com esta emissão sanguinolenta, interpretada como sinal de coisa ruim, sendo o "câncer" a maior preocupação relatada no consultório.
Durante a consulta, procuramos acalmar o cliente e ressaltar uma verdade sobre este sinal : "intrigante mas pouco preocupante".
A grande maioria das hematospermias acaba sem diagnóstico preciso. Para o cliente salientamos alguns fatores que podem estar envolvidos, como por exemplo a abstinência sexual prolongada. Para tranquilidade do urologista, devemos proceder a um exame físico completo antes de solicitar exames de imagem e de laboratório. Esta gama de exames servirá também para tranquilizar ainda mais nosso cliente, que procura uma causa para o ocorrido.
Outra causa freqüente de sangue no ejaculado, são os cálculos prostáticos formados pelas bactérias responsáveis pela "prostatite" que todo homem tem, mesmo sem sintomas. A deposição de cálcio é originada pelo metabolismo do germe dentro da glândula prostática. Como neste RX, os cálculos são inúmeros e podem "machucar" a glândula, originando o sangue encontrado na ejaculação.
Não é obrigatório o indivíduo com cálculos prostáticos ter hematospermia, mas deve-se investigar a presença destes, por ecografia ou RX.
Raramente necessitamos "tratar" a hematospermia, que cede naturalmente como veio. Nestes casos a orientação do urologista é o melhor remédio.
É a eliminação involuntária de urina em crianças além da idade na qual o controle vesical é normalmente obtido. A enurese, diurna ou noturna, é considerada um sintoma e não uma doença. A idade referida acima varia de autor para autor mas está ao redor dos cinco anos de idade. Além da idade e sexo, também é importante o urologista saber com que frequência esta ocorre, condições psicológicas da criança e ansiedade dos pais quanto ao problema, hábitos higiênicos, alterações do sono, antecedentes familiares, tipo de parto, tratamentos prévios, etc...
A enurese dificilmente tem relação com problemas psicológicos, mas traz problemas de auto-estima para seu portador. A criança enurética tem vergonha de seus amiguinhos e coleguinhas por usar fralda, afastando-se de programas onde isto pode ser revelado. Não é recomendável ao pais censurar a criança por urinar na cama ou na roupa, ou privá-la de atividades sociais, pois isto afetará ainda mais sua auto-estima.
Uma vez
diagnosticada a enurese, esta poderá ser tratada logo que a criança esteja
apta a receber o tratamento, muitas vezes longo e com participação decisiva
dos pais. Observamos bons resultados a partir dos seis anos de idade. A consulta
é especialmente esclarecedora para os pais que quase sempre associam a
enurese noturna com problemas psicológicos e neurológicos.
São alterações da anatomia normal do aparelho urinário, diagnosticadas muitas vezes antes do nascimento da criança pela ecografia (ultrassom) pré-natal, como por exemplo, a hidronefrose. Outras somente se manifestam durante o crescimento da criança, como a varicocele no menino. Muitas delas, isoladas ou associadas a outras síndromes (conjunto de alterações características de uma doença) são incompatíveis com a vida, como a agenesia renal bilateral.
A figura ao lado apresenta um raio X (urografia excretora) de rim em ferradura.
A Embriologia (estudo da formação dos tecidos do organismo) nos mostra que a formação do aparelho urinário é muito interessante e complexa. Por exemplo, os rins são formados na altura em que estão no adulto, mas os ureteres são formados perto da bexiga. Ambos os cotos, dos rins e dos ureteres migram para o centro do corpo para se encontrarem, se fundirem e permitirem a passagem da urina do rim até a bexiga. Com os testículos ocorre o mesmo. São formados abaixo dos rins e migram para a bolsa escrotal por estímulo hormonal. Assim, fica mais fácil de entender porque na cólica renal, pode doer também o testículo e a raiz da coxa do mesmo lado, pois existem ramos nervosos comuns.
A figura à esquerda apresenta o aspecto ao raio X (urografia excretora) de estenose de junção ureteropiélica (JUP) com hidronefrose.
Duplicidade incompleta do rim esquerdo |
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Hidronefrose é a dilatação da pelve renal e das demais estruturas do rim (cálices) decorrente de alguma obstrução no trajeto normal da urina, que continua a ser produzida (secretada) normalmente pelo rim, mas não tem como ser eliminada (excretada). Em razão disto, o volume de urina que progressivamente aumenta dentro do rim, faz com que este se dilate, para acomodar mais líquido. Se esta obstrução for aguda e total, haverá dor renal (cólica renal) importante, com provável necessidade de medicação intravenosa. Se houver uma discreta obstrução, mas que prejudique o fluxo normal de urina, com na estenose congênita da junção ureteropiélica (ou pieloureteral) por exemplo, haverá um lento e discreto aumento volumétrico da pressão intra renal e de sua dimensões, que com o tempo (meses, anos....) poderá levar à destruição total do parênquima do rim afetado. |
Situações como gestação e infecções urinárias podem cursar com hidronefrose fisiológica (que vai regredir após), a primeira pela compressão ureteral pelo útero gravídico e a segunda por atonia muscular do ureter e pelve renal, pela infecção.
Se houver dilatação também
do ureter, chama-se ureterohidronefrose, comum
nas obstruções abaixo da pelve renal, em qualquer porção do ureter
(superior, médio e inferior), por cálculo urinário, tumores, ligaduras
iatrogênicas, etc. A figura à direita apresenta um raio X com
ureterohidronefrose à direita (dilatação do ureter até o rim, incluindo este),
por obstrução na passagem de urina na pequena pelva,
provavelmente cálculo ureteral.
O diagnóstico das dilatações acima citadas é extremamente fácil, pela ecografia (inclusive antes do nascimento - diagnóstico pré-natal) e pela urografia excretora.
A figura à esquerda apresenta o aspecto ao raio X (urografia excretora) de estenose de junção ureteropiélica (JUP) com hidronefrose.
O termo estenose refere-se no ser humano, ao estreitamento de um órgão tubular, como a uretra, artérias, veias, intestinos, etc. Não confundir com atresia, que denota falta de desenvolvimento. A estenose uretral, estreitamento uretral ou ainda "calo" uretral, é a diminuição do diâmetro da "luz" (parte oca do canal) da uretra, acarretando sintomas do tipo obstrutivo, como jato urinário fraco, necessidade de fazer força para urinar, resíduo pós-miccional e ainda sintomas irritativos, como ardência ou dor ao urinar e freqüência urinária elevada. |
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Vista endoscópica de estenose de uretra |
Pode ter origem traumática, como nas fraturas de bacia, quedas "a cavaleiro" ou ainda uso prolongado de sonda uretral, resultando em lesão, que ao cicatrizar poderá tornar-se uma área de estenose. A forma mais comum é a inflamatória, após doenças venéreas, como a gonorréia, mesmo anos após o tratamento.
Seu diagnóstico pode ser realizado por uretroscopia ou uretrocistografia (RX).
Exemplo de RX de estenoses uretrais |
Urolume
Urolume é uma espécie de tubo feito de uma minúscula cesta metálica, que funciona como um dilatador de uma porção estenosada (estreitada - Leia em Estenose de Uretra ) da uretra masculina, geralmente, na uretra posterior. Funciona como um "stent " de coronária, que é aquela " molinha " que se coloca nas artérias do coração, para evitar que as coronárias fechem e o indivíduo sofra mais um enfarte. É muito semelhante mas tem tamanho maior. É considerado um método minimamente invasivo pois é introduzido pela uretra, sob visão direta do urologista no vídeo, sob um bloqueio anestésico (raqui ou peridural). Existem algumas possíveis complicações, como a migração para dentro da bexiga, para o esfíncter externo (deixando o indivíduo incontinente urinário até a remoção ou reposicionamento do Urolume), formação de cálculos urinários no implante Urolume e mais raramente a erosão (perfuração) da uretra. |